sábado, 16 de novembro de 2013

Bartolomeu Cid dos Santos



Nasceu em Lisboa em 1931 e faleceu em 2008, Londres. Formou-se na Escola Superior de Belas-Artes entre os anos 1950 e 1956 e  nos dois anos seguintes na na Slade School of Fine Art.
De 1961 a 1996 ensinou no Departamento de Gravura da Slade School of Fine Art. Foi Emeritus Professor in Fine Art da Universidade de Londres e Fellow do University College London e membro da Royal Society of Painter Printmakers. Foi também artista visitante em numerosas escolas de Belas Artes na Grã-Bretanha. No estrangeiro foi professor visitante da Universidade de Wisconsin, em Madison (1969 e 1980), na Konstkollan Umea, Suécia (1977 e 1978), no National College of Art em Lahore, Paquistão (1986 e 1987) e na Academia de Artes Visuais de Macau em numerosas ocasiões.

Esteve representado em inumeras exposições colectivas e individuais em cidades como Londres, Genebra, Roma, Lisboa e Nova Iorque.

A sua obra centrou-se na gravura, embora tenha produção significativa em desenho e pintura, azulejo, etc. Retomando uma técnica adaptada da água forte e que experimentara no início da carreira, nas últimas décadas realizou grandes painéis de pedra gravada para o metropolitano de Tóquio (Estação Nihonbashi) e de Lisboa (Estação Entre Campos).

A sua obra:

  • Anos 70


Nestas gravuras assistimos não apenas a uma inflexão temática mas também formal. À expressividade das séries iniciais sucede-se agora um rigor meticuloso, geometrizante; as imagens despem-se quase sempre de gente, sobrando paisagens agrestes e formas arquitetónicas, montanhas, rochedos, labirintos, arcos, esferas, pirâmides…
E a polissemia destas imagens abre muitas delas a um outro tipo de leituras, sendo possível interpretá-las enquanto metáforas de prisão ou de um estado totalitário, como era na época o caso português.

  • Anos 80


A combinação da montagem fotográfica com a água-forte, experimentada nos anos de 1970, irá marcar as suas gravuras da década seguinte. Bartolomeu apropria-se agora de imagens alheias, de fotografias e mapas, de palavras e fragmentos de texto, que incorpora nas suas obras, em diálogos com o universo formal anterior de que resultam imagens de grande riqueza e complexidade.

  • Período Final


A sua estreita relação com a literatura e a poesia é explicitada de forma ainda mais inequívoca no extenso painel da Biblioteca, pertencente ao conjunto, em pedra gravada, que criou para o átrio sul da estação de metropolitano de Entre Campos (Lisboa, 1991), e que marca o arranque do seu último período. Aqui, Bartolomeu dos Santos apresenta-nos longas prateleiras onde dispõe uma vasta representação dos maiores da literatura portuguesa, a par de uma pequena seleção de favoritos pessoais que inclui Borges, Gabriel Garcia Márquez, Umberto Eco ou T. S. Eliot . É também aqui que se anuncia o novo tipo de opções formais, de cariz gestual, que iria prolongar-se nos trabalhos de gravura e pintura dos anos posteriores .
Os temas de Bartolomeu dos Santos abrangem um território vasto, que vai do olhar sobre si próprio às reflexões sobre a identidade coletiva (é sintomática a evocação do Tratado de Tordesilhas ou do 25 de Abril); ou da dimensão metafísica dos seus labirintos ao humor corrosivo e à turbulência das batalhas realizadas nos anos finais, onde os ferozes guerreiros da sua infância e juventude se transformaram em ratos de banda desenhada.


Alguma das suas obras:

Fig. 1 - Abandones Palaces, 1960

Fig. 2 - Atlantis, 1972, gravura, 50,5 x 67 cm

Fig. 3 - Bishops meeting, 1963

Fig. 4 - Composition, 1970

Fig. 5 - Flower, 2000

Fig. 6 - Four Bishops (Quatro bispos), 1962, Água-tinta, 25 x 30 cm

Fig. 7 - Looking Back, 1985

Fig. 8 - Ode Marítima II, 1988, técnica mista, 77 x 60 cm

Fig, 9 - Painel para Estação Entre Campos, Metropolitano de Lisboa, pedra gravada

Fig. 10 - Ricardo Reis and Fernando Pessoa, 1984

Fig. 11 - Running Battle, 2000

Fig. 12 - Still life with glass, 1991

Fig. 13 - untitled, 1960

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